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Saúde Mental, Bem-Estar e Produtividade no Trabalho

October 10, 2025 paulo.reis Comments Off

O mundo do trabalho em 2026 está a viver profundas transformações que afetam diretamente a saúde mental e o bem-estar dos profissionais. A globalização, a aceleração digital, as mudanças demográficas e os desafios ambientais criam um contexto de elevada exigência para empresas e trabalhadores.

Em Portugal, tal como na Europa, a população ativa envelhece, aumentam os profissionais com doenças crónicas, enquanto as novas gerações procuram propósito, flexibilidade e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A pandemia de COVID-19 intensificou estas tendências, revelando fragilidades e colocando a saúde psicológica no centro do debate público.

Neste cenário, cuidar da saúde mental dos trabalhadores deixou de ser apenas uma questão ética ou de responsabilidade social e passou a ser uma necessidade estratégica.

Empresas que investem no bem-estar organizacional conseguem ganhos claros de produtividade, inovação e sustentabilidade.

O que significa bem-estar no trabalho?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a saúde deve ser vista de forma ecológica, não é apenas ausência de doença, mas um estado global de bem-estar físico, psicológico, social e Ambiental. Aplicado ao trabalho, significa criar condições que permitam desenvolver competências, manter relações positivas, encontrar sentido nas tarefas e equilibrar e compatibilizar responsabilidades pessoais e profissionais.

O modelo dos “quatro pilares da vida” self, família, trabalho/estudo e social/lazer (Gaspar, 2025) reforça que a saúde mental depende de equilíbrio dinâmico entre diferentes áreas. Quando esse equilíbrio falha, diminui a qualidade de vida, a satisfação e cresce a vulnerabilidade ao stress, à exaustão e à doença mental.

Bem-estar e produtividade

O investimento em saúde mental tem retorno mensurável. Estudos internacionais mostram que cada euro aplicado em programas de bem-estar pode gerar até quatro euros de retorno, através da redução do absentismo, da rotatividade e dos custos em saúde. Profissionais saudáveis demonstram maior criatividade, inovação e compromisso com os objetivos da empresa. Ao mesmo tempo, ambientes de trabalho positivos fortalecem a reputação organizacional, atraem talento e aumentam a resiliência perante crises. Em contraste, contextos de sobrecarga, falta de reconhecimento ou lideranças autoritárias traduzem-se em burnout, insatisfação laboral e menor produtividade.

Apesar da crescente valorização do tema, persistem riscos elevados que comprometem o bem-estar dos trabalhadores. Do ponto de vista económico, a necessidade de reforçar a competitividade após sucessivas crises leva muitas empresas a adotar práticas de intensificação do ritmo de trabalho e a recorrer a contratos mais precários, aumentando a insegurança profissional.

Na dimensão social, mantêm-se desigualdades significativas, com jovens em empregos instáveis, migrantes e mulheres com dupla carga laboral particularmente expostos a stress e exaustão. A transformação tecnológica, por seu lado, traz ganhos de eficiência, mas também pressiona os profissionais a uma adaptação constante, gerando receios de exclusão para quem possui menos competências digitais.

O teletrabalho e os modelos híbridos, que se consolidaram após a pandemia, revelam simultaneamente vantagens e riscos: oferecem maior flexibilidade e conciliação, mas podem conduzir ao isolamento, a dificuldades na separação entre vida pessoal e profissional e a desigualdades de género, já que muitas mulheres acumulam responsabilidades familiares acrescidas.

Por fim, o panorama global de saúde mental é preocupante: problemas como ansiedade, depressão e burnout registam crescimento significativo, sendo hoje reconhecidos como alguns dos principais desafios da saúde ocupacional, também em Portugal.

Estratégias para profissionais e empresas

Para responder a estes desafios, as organizações junto com os trabalhadores precisam de adotar políticas e medidas integradas e consistentes de promoção da saúde mental, tais como:

Cultura ética e inclusiva – Assente em respeito, transparência e diversidade, reduz conflitos e fortalece o sentido de pertença.

Liderança saudável e participativa – Líderes empáticos promovem segurança psicológica, inovação e menor absentismo.

Gestão equilibrada da carga de trabalho – Respeito pelo direito à desconexão e horários realistas previnem burnout.

Programas de saúde mental – Acesso a psicólogos, mentoring, mindfulness e campanhas reduzem estigma e encorajam pedidos de ajuda.

Conciliação trabalho-vida pessoal – Flexibilidade, licenças parentais e apoio a cuidadores aumentam motivação e retenção de talento.

Teletrabalho saudável – Regras claras, equipamentos adequados e momentos de socialização evitam isolamento.

Formação contínua – Requalificação digital e desenvolvimento de soft skills aumentam confiança e resiliência.

Equidade e diversidade – Igualdade salarial e oportunidades para todos reforçam inovação e atração de talento.

Avaliação de riscos psicossociais – Avaliação e monitorização dos ambientes de trabalho saudáveis que permite prevenir problemas.

Envolvimento comunitário – Projetos de responsabilidade social aumentam o orgulho de pertença e a reputação empresarial.

A avaliação e monitorização* são fundamentais para garantir que as estratégias de promoção da saúde mental no trabalho sejam eficazes e sustentáveis. Estes e outros temas irei aprofundar no Webinar “Saúde Mental no Contexto Laboral”, que terá lugar no próximo dia 20 de novembro – 14h30.

Será uma oportunidade para refletirmos juntos sobre práticas concretas que podem transformar os ambientes de trabalho em espaços mais saudáveis e produtivos. Conto com a sua participação!

Para mais informações e inscrições (gratuitas), contacte-nos através do email geral@nbcc-academy.com.


* Por exemplo, o instrumento EATS – Ecossistemas de Ambientes de Trabalho Saudáveis do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis permite avaliar as organizações e monitorizar a evolução e resposta face aos desafios indicados.

Para saber mais:

Direção-Geral da Saúde (2021). Guia técnico n.º 3: vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a fatores de risco psicossocial no local de trabalho. DGS/Programa Nacional de Saúde Ocupacional. Ver LINK.

Gaspar, T. (2025). Burnout: uma nova Pandemia. Fundação Francisco Manuel dos Santos. Ver LINK.

Gaspar, T., Telo, E., Arriaga, M., Sousa, B., Jesus, S., Xavier, M. C., Machado, Matos, M. G., Correia, M. F., Pais-Ribeiro, J. L., Areosa, Guedes, F. B., Cerqueira, A. & Canhão, H. (2025). Relatório Ambientes de Trabalho Saudáveis: Estudo das diferenças de género e geração. Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis.  Ver LINK.

Gaspar, T., Telo, E., Rocha-Nogueira, J., & LABPATS (2023). Manual de Boas Práticas: Promoção de Ambientes de Trabalho Saudáveis. Laboratório Português de Ambientes de Trabalho Saudáveis. ISBN: 978-989-98346-3. Ver LINK.

Organização Mundial da Saúde. (2010). Healthy workplaces: A model for action. World Health Organization.

Organização Mundial da Saúde. (2022). Healthy workplaces framework. World Health Organization.

Ordem dos Psicólogos Portugueses. (2020). Relatório do custo do stresse e problemas de saúde psicológica no trabalho. OPP.